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quinta-feira, fevereiro 10

Palavras de noites em branco e horas de meditação

É curiosa e até fascinante a capacidade do ser humano transformar os seus pensamentos em palavras. Com menos ou mais dificuldade, todos somos dotados do dom da comunicação. Este envolve um longo (mas curto) processo, daqueles que nos obrigam a enterrar a cabeça nos livros para os entender. Então, onde está o erro? Tenho tanta coisa para te dizer, e não consigo transformar esse tanto em palavras; esse tanto é nada. Quero-te dizer o quanto gosto de ti, mas não consigo. Já te perdi? Não te quero perder. Mas não te sei dizer nada disto. Acho que não tenho palavras para ti. Tem lógica: cada vez que te vejo, o meu corpo pára. Pára o cérebro, pára o coração, os pulmões, o estômago, os rins... E não posso parar de olhar para ti; desculpa a maneira como olho para ti. Mas sinto a tua falta. E quando tu olhas para mim, apesar de petrificada, entendo coisas transcendentes a nós próprios. E tu poderás sorrir para disfarçar, e eu tentarei sorrir de volta; mas sorrir não é a opção certa para quebrar o feitiço. Sentes a minha falta? Sinto saudades do teu cabelo, da maneira como tu odiavas que eu lhe mexesse. Sinto saudades dos teus olhos, de quando eu tinha a certeza que era eu que eles ansiavam. Sinto saudades dos teus lábios, das palavras que dizias e dos beijos que me davas. Sinto saudades dos teus braços, da tua protecção, do teu carinho. Ainda o sentes? E nalgum passo a minha tentativa de comunicação sonora bloqueia: eu quero, tento, mas não consigo. Porque é que não consigo? Afinal, o meu hemisfério esquerdo não tem qualquer deficiência. E há dias em que só quero gritar-te o quanto me magoaste, e o quanto eu preciso de ti. São neurotransmissores, potenciais de acção, neurónios, sinapses, o ar, a vibração das cordas vocais... E no entanto, quando junto tudo isto e te quero dizer "Adoro-te", já é tarde demais.

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