Quantos?

terça-feira, março 1

Escrevi-te uma carta. E depois pensei em entregar-ta. E passei a semana passada a ver se te encontrava, mas não te vi. E não te entreguei a carta. Porque não sabia de ti.
A semana passada estava cheia de coragem: o que podia perder eu em entregar-te a carta? Nada. Já não te tenho de qualquer maneira. E esperava que a carta, de alguma maneira, te tocasse ao coração e acordasse essa réstia de sentimento que eu acreditava que tinhas dentro de ti. E que valesse a pena. Mesmo que escalasse montanhas, nadasse por oceanos e cruzasse trilhos. Valeria a pena. Porque por ti, tudo vale a pena.
E hoje, vi-te. E não fui capaz de nada. Nem sei como te falei. Como te obriguei a falar-me. Como eu olhei para ti e, pela primeira vez, o teu olhar não cruzou o meu. E não sou capaz. Se o meu mundo já desabou com a incerteza, que chão teria eu para pisar quando me dissesses que não?
Cheguei tarde demais. Não te posso culpar por não me quereres mais. Já passaram dois meses, e só agora é que eu decidi que ia lutar por ti. Nunca te poderia obrigar a guardar esse sentimento esse tempo. Não te podia dizer "Espera aí, vou demorar dois meses a decidir lutar por ti". Mas acho que tive uma ilusão de que ainda gostarias de mim. Talvez eu veja filmes e séries a mais, mas a verdade é que o que estou a sentir por ti é tão novo, e tão intenso, que pensei que seria desta. Porque estou apaixonada por ti, com todas as palavras, letras, acentuações da frase. E porque eu nunca estive assim por ninguém. Prendi-me a ti, atei o meu coração ao teu. E fi-lo de tal maneira que é duro demais pensar que qualquer força do destino não fizesse com que tu atasses o teu ao meu. Mas não o fizeste, pois não? E a minha almofada afinal já não tem o teu cheiro. E a casa está vazia. Não só a casa, mas toda a minha vida. Fazes-me tanta falta. E eu, faço-te falta?
Já chorei, chorei tanto que senti que ia explodir. E ainda tenho muito mais para chorar. Porque nada à minha volta faz sentido. Estagnou tudo. Pensar em ti é como cheirar uma mimosa: o cheiro vem, enche-me o nariz e eu asfixio. E eu só consigo sentir esta dor, que me dilacera as artérias, as veias, o coração, o corpo. E esta dor dói tanto, tanto! E não posso entregar-te nada, a não ser o meu carinho, o meu amor. E vou agarrar-me a esta dor e adormecer com ela; quem sabe, ao acordar, ela já tenha passado ou tu estejas ao meu lado e isto não tenha passado de um sonho mau?

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